O SESC-ACRE abriu nessa segunda feira uma Mostra de Filmes Acreanos
Dedicada aos comerciários, aberta ao público em geral.A iniciativa contem-
Pla vários produtores de cinema e vídeo ligados à Associação Acreana de
Cinema – ASACINE, entidade representativa dos interesses do audiovisual
Que sequencia o trabalho iniciado pelo Grupo ECAJA FILMES – Estúdio Cinematográfico Amador de Jovens Acreanos que no início da década de 70 produziu vários longas metragens e alguns curtas, em película na bitola
Super 8mm. A mostra acontecerá também em outros espaços até fim abril.
João Batista Marques de Assunção foi o mentor de toda a idéia que chegou
A um pequeno grupo que sonhava realizar Radionovelas, sem as mínimas condições. O certo é que entre os principais construtores dessa façanha que faz história no Acre está Adalberto Queiroz, atual presidente da ASACINE,
Tonivan e João Batista (Teixeirinha do Acre) que mudou o nome artístico
Para João Manhãs. Hoje todos com mais de 50 anos trazem nos cabelos
Brancos, as marcas de um legado muito importante para a cultura acreana, traduzida no depoimento de Queiroz.
“Nós fomos a vanguarda do Movimento Cultural no Acre. Numa época em
que o Brasil era governado sob a égide do Golpe Militar de 1964, quando
cultura não era coisa bem vista no país. Os militares acabaram com os di-
reitos constitucionais do povo brasileiro e governavam por Atos Institucionais que restrigiram a liberdade de expressão, dentre tantos outros
direitos fundamentais. Isso era muito difícil, principalmente para jovens como nós morando nesses confins do Brasil. Nós iniciávamos não só a pro-
dução de cinema, mas também a nossa visão de mundo. Adentramos ao Palácio Rio Branco no dever político de coletivizar a nossa luta inicial. Lá
disseram pra mim e pro Teixeirinha: “vão plantar batatas que vocês vão fa-
zer melhor negócio”. Essa foi a maior injeção de ânimo, pois nos compor-
tamos com atitude de vencedor e na continuidade da nossa insistência con-
seguimos ser ouvidos e reivindicamos um órgão de apoio para a cultura e
logo foram, instituídas reuniões com café da manhã para os nossos convidados e ali surgiram o Departamento de Assuntos Culturais da Secre-
taria de Educação, a Fundação Cultural, a Biblioteca Pública com um espa-
ço para as reuniões do Grupo ECAJA que cedemos, mais tarde, para abrigar a antiga filmoteca, projeto que conquistamos como fruto das nossas participações em festivais nacionais de cinema, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, a construção do Teatro Estadual (quem lembra do palitei- ro?) ao lado do Palácio Rio Branco. Pois é . Os governos Geraldo Mesquita e Joaquim Macêdo foram fundamentais para consolidar essas tão importan-
tes conquistas para a nossa cultura, dentre outras”.
As programações encerram-se com o I Fórum Setorial de Artes e Audiovi- sual, antecedido por um encontro preparatório, início de abril no SESC.